A VERDADEIRA GUERRA ESCONDIDA PELA IMPRENSA - PIGS -.
A guerra dos EUA-NATO contra a Síria: Forças navais do ocidente frente às da Rússia ao largo da Síria
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Enquanto
a confrontação entre a Rússia e o Ocidente estava, até recentemente,
confinada ao âmbito polido da diplomacia internacional, dentro do
recinto do Conselho de Segurança da ONU, agora uma situação incerta e
perigosa está a desdobrar-se no Mediterrâneo Oriental.
Michel Chossudovsky
"Quando
voltei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais superiores do
staff teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos a caminho de ir
contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido
como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um
total de sete países, a começar pelo Iraque, a seguir a Síria, Líbano,
Líbia, Irão, Somália e Sudão". Wesley Clark, antigo comandante-geral da NATO
"Deixe-me
dizer aos soldados e oficiais que ainda apoiam o regime sírio - o povo
sírio recordará as escolhas que fizerem nos próximos dias..." Secretária
de Estado Hillary Clinton, conferência Friends of Syria, em Paris,
Forças
aliadas incluindo operativos de inteligência e forças especiais
reforçaram a sua presença sobre o terreno na Síria a seguir ao impasse
da ONU. Enquanto isso, coincidindo com o beco sem saída no Conselho de
Segurança da ONU, Moscovo despachou para o Mediterrâneo uma frota de dez
navios de guerra russos e navios de escolta comandados pelo destróier
anti-submarino Almirante Chabanenko. A frota russa está actualmente
estacionada ao largo da costa Sul da Síria.
Em
Agosto do ano passado, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry
Rogozin, advertiu que "a NATO está a planear uma campanha militar contra
a Síria para ajudar a derrubar o regime do presidente Bashar al-Assad
com um objectivo de longo alcance de preparar uma cabeça de ponte para
um ataque ao Irão..." Em relação à actual deslocação naval, o chefe da
Armada da Rússia, vice-almirante Viktor Chirkov, confirmou, entretanto,
que se bem que a frota [russa] esteja a transportar fuzileiros navais,
os navios de guerra "não seriam envolvidos em Tarefas na Síria". "Os
navios executarão manobras militares planeadas", disse o ministro russo
da Defesa.
A
aliança EUA-NATO retaliou à iniciativa naval da Rússia, com uma
deslocação naval muito maior, uma formidável armada ocidental
consistente de navios de guerra britânicos, franceses e americanos,
previstos para serem ali instalados neste Verão no Mediterrâneo
Oriental, levando a uma potencial "confrontação estilo Guerra Fria"
entre a Rússia e forças navais ocidentais.
Enquanto
isso, planeadores militares dos EUA-NATO anunciaram que várias "opções
militares" e "cenários de intervenção" estão a ser contemplados na
sequência do veto russo-chinês no Conselho de Segurança da ONU.
O
planeado posicionamento naval é coordenado com operações aliadas no
terreno em apoio ao "Exército Sírio Livre" (ESL) patrocinado pelos
EUA-NATO. Quanto a isto, os EUA-NATO aceleraram o recrutamento de
combatentes estrangeiros treinados na Turquia, Iraque, Arábia Saudita e
Qatar.
A
França e a Grã-Bretanha participarão este Verão em jogos de guerra com o
nome de código Exercise Cougar 12 [2012]. Os jogos serão efectuados no
Mediterrâneo Oriental como parte de um "Response Force Task Group"
franco-britânico envolvendo o HMS Bulwark britânico e o grupo de batalha
do porta-aviões Charles De Gaulle da França. O centro deste exercício
naval serão operações anfíbias envolvendo a colocação em terra firme de
tropas no "território inimigo" (simulada).
Pouco
mencionado pelos media de referência, os navios de guerra envolvidos no
exercício naval Cougar 12 também participarão na planeada evacuação de
"cidadãos britânicos do Médio Oriente, caso o conflito em curso na Síria
extravase fronteiras para os vizinhos do Líbano e da Jordânia".
Os
britânicos provavelmente enviariam o HMS Illustrious, um
porta-helicópteros, juntamente com o HMS Bulwark, um navio anfíbio, bem
como um destróier avançado para providenciar defesa à força-tarefa.
Estarão a bordo várias centenas de comandos da Royal Marine, bem como um
complemento de helicópteros de ataque AH-64 (os mesmos utilizados na
Líbia no ano passado). Espera-se que se lhe junte uma frota de navios
franceses, incluindo o porta-aviões Charles De Gaulle, transportando um
complemento de caças Rafale.
Espera-se
que aquelas forças permaneçam ao longo e possam escoltar navios civis
especialmente fretados destinados a recolher cidadãos estrangeiros a
fugirem da Síria e países em torno. (ibtimes.com, 24/Julho/2012).
Fontes
no Ministério da Defesa britânico, se bem que confirmando o "mandato
humanitário" da Royal Navy no planeado programa de evacuação, negaram
categoricamente "qualquer intenção quanto a um papel de combate para
forças britânicos [contra a Síria]".
O
plano de evacuação utilizando o mais avançado material militar,
incluindo o HMS Bulwark e o porta-aviões Charles de Gaulle, é uma
cortina de fumo óbvia. A agenda militar não tão escondida é ameaça
militar e intimidação contra uma nação soberana localizada no berço
histórico da civilização, a Mesopotâmia":
"Só
o Charles De Gaulle é porta-aviões nuclear com todo um esquadrão de
jactos mais avançados do que qualquer coisa que os sírios tenham - é
especulação de incitamento [dizer] que aquelas forças pudessem ficar
envolvidas numa operação da NATO contra forças sírias leais a Bashar
al-Assad...
O
HMS Illustrious, que está actualmente ancorado no Tamisa, no centro de
Londres, provavelmente será enviado para a região no fim das
Olimpíadas". (Ibid)
Este
deslocamento impressionante de poder naval franco-britânico poderia
também incluir o porta-aviões USS John C.Stennis, o qual está para ser
enviado de volta ao Médio Oriente:
[Em
16/Julho/2012], o Pentágono também confirmou que iria reposicionar o
USS John C. Stennis, um porta-aviões nuclear capaz de transportar 90
aviões, para o Médio Oriente... O Stennis estaria a chegar na região com
um cruzador avançado de lançamento de mísseis, ... Já é esperado que o
porta-aviões USS Eisenhower esteja no Médio Oriente naquele momento
(dois porta-aviões actualmente na região estão para ser aliviados e
enviados de volta para os EUA).
Em
meio a situações imprevisíveis tanto na Síria como no Irão, que teriam
deixado forças estado-unidenses tensas e excessivamente sobrecarregadas
se fosse necessária uma firme resposta militar em qualquer
circunstância. (Ibid, ênfase acrescentada)
O
grupo de ataque USS Stennis está para ser enviado de volta ao Médio
Oriente "numa data não especificada no fim do Verão" para ser
posicionado na área de responsabilidade do Comando Central:
"O
Departamento da Defesa disse que o deslocamento anterior viera de um
pedido feito pelo general do Marine Corps James N. Mattis, o comandante
do Comando Central (a autoridade militar dos EUA que cobre o Médio
Oriente), parcialmente devido à preocupação de que haveria um curto
período em que apenas um porta-voz estaria localizado na região". (Strike group headed to Central Command early - Stripes Central - Stripes, July 16, 2012)
O
Gen. Marine James Mattis, comandante do U.S. Central Command, "pediu
para avançar o posicionamento do grupo de combate com base num "conjunto
de factores" e o secretário da Defesa Leon Panetta aprovou-o"... (ibid)
Um
porta-voz do Pentágono declarou que a mudança de posicionamento do
grupo de ataque USS Stennis fazia parte de "um vasto conjunto de
interesses de segurança dos EUA na região". "Estamos sempre atentos aos
desafios colocados pelo Irão. Deixe-me ser muito claro: Esta não é uma
decisão baseada unicamente nos desafios colocados pelo Irão, ..."Não é
acerca de qualquer país particular ou uma ameaça particular", dando a
entender que a Síria também fazia parte do posicionamento planeado.
(Ibid, ênfase acrescentada)
"Cenários de intervenção"
Este
maciço posicionamento de poder naval é um acto de coerção tendo em
vista aterrorizar o povo sírio. A ameaça de intervenção militar tem em
vista desestabilizar a Síria como estado nação bem como confrontar e
enfraquecer o papel da Rússia na intermediação da crise síria.
O
jogo diplomático da ONU está num impasse. O Conselho de Segurança da
ONU está morto. A transição é em direcção à "Diplomacia guerreira" do
século XXI.
Se
bem que uma operação militar aliada total dirigida contra a Síria não
esteja "oficialmente" contemplada, planeadores militares estão
actualmente envolvidos na preparação de vários "cenários de
intervenção".
Líderes
políticos ocidentais podem não ter apetite por intervenção mais
profunda. Mas como a história tem mostrado, nós nem sempre escolhemos
que guerras combater - por vezes as guerras escolhem-nos. Planeadores
militares tem a responsabilidade de preparar para opções de intervenção
na Síria para os seus mestres políticos caso este conflito seja
escolhido. A preparação estará a ser efectuada em várias capitais
ocidentais e sobre o terreno na Síria e na Turquia. Até o ponto do
colapso de Assad, é mais provável que vejamos uma continuação ou
intensificação das opções abaixo do radar de apoio financeiro, armamento
e aconselhamento dos rebeldes, operações clandestinas e talvez guerra
cibernética a partir do Ocidente. Após algum colapso, entretanto, as
opções militares serão vistas a uma luz diferente. ( Daily Mail,
24/Julho/2012, ênfase acrescentada)
Observações conclusivas
O mundo está numa encruzilhada perigosa.
A
configuração deste planeado posicionamento naval no Mediterrâneo
Oriental com navios de guerra dos EUA-NATO contíguo àqueles da Rússia é
sem precedentes na história recente.
A
história conta-nos que guerras são muitas vezes desencadeadas
inesperadamente devido a "erros políticos" e erro humano. Os segundos
são os mais prováveis dentro no âmbito de um sistema político
desagregados e corrupto nos EUA e na Europa Ocidental.
O
planeamento militar EUA-NATO é supervisionado por uma hierarquia
militar centralizada. Operações de Comando e Controle são em teoria
"coordenadas" mas na prática muitas vezes elas são marcadas pelo erro
humano. Operativos de inteligência muitas vezes funcionam
independentemente e fora do âmbito da responsabilidade política.
Planeadores
militares são agudamente conscientes dos perigos de escalada. A Síria
tem capacidades de defesa aérea significativas bem como forças
terrestres. A Síria tem estado a instalar seu sistema de defesa aérea
com a recepção dos mísseis russos Pantsir S1 . Qualquer forma de
intervenção militar directa dos EUA-NATO contra a Síria desestabilizaria
toda a região, levando potencialmente à escalada numa vasta área
geográfica, que se estende desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira
do Afeganistão-Paquistão com o Tadjiquistão e China.
O
planeamento militar envolve cenários intricados e jogos de guerra por
ambos os lados incluindo opções militares relativas a sistema de armas
avançados. Um cenário Terceira Guerra Mundial tem sido contemplado pelos
planeadores militares EUA-NATO-Israel desde o princípio de 2000.
A
escalada é uma parte integral da agenda militar. Preparativos de guerra
para atacar a Síria e o Irão têm estado num "estado avançado de
prontidão" durante vários anos.
Estamos
a tratar com complexas tomadas de decisão políticas e estratégicas que
envolvem a acção recíproca de poderosos grupos de interesses económicos,
as acções de operativos de inteligência.
O
papel da propaganda de guerra é fundamental não só para moldar a
opinião pública, levando-a a aceitar a agenda de guerra, como também
para estabelecer um consenso dentro dos escalões superiores do processo
de tomada de decisão. Uma forma selectiva de propaganda de guerra
destinada a "Top Officials" (TOPOFF) em agências do governo,
inteligência, militares, aplicadores da lei, etc destina-se a criar um
consenso firme em favor da Guerra e do Estado Policial.
Para
o projecto guerra ir em frente é essencial que tanto os planeadores
políticos como os militares estejam legitimamente comprometidos em
conduzir a guerra "em nome da justiça e da democracia". Para que isto se
verifique, eles devem acreditar firmemente na sua própria propaganda,
nomeadamente em que a guerra é "um instrumento de paz e democracia".
Eles
não têm preocupação para com os impactos devastadores de sistemas de
armas avançados, rotineiramente classificados como "danos colaterais",
muito menos o significado e significância de guerra antecipativa
(pre-emptive), utilizando armas nucleares.
As
guerras são invariavelmente decididas por líderes civis e grupos de
interesse e não pelos militares. A guerra serve interesses económicos
dominantes os quais operam a partir dos bastidores, por trás de portas
fechadas em salas de reunião corporativas, nos think tanks de
Washington, etc.
As realidades são invertidas. Guerra é paz. A Mentira torna-se a Verdade.
A propaganda de guerra, nomeadamente as mentiras dos media, constituem o mais poderoso instrumento guerreiro.
Sem
a desinformação dos media, a agenda guerreira conduzida pelos EUA-NATO
entraria em colapso como um castelo de cartas. A legitimidade dos
criminosos de guerra em altos postos seria rompida.
Portanto
é essencial desarmar não só os media de referência como também um
segmento dos media alternativos auto proclamados como "progressistas",
os quais têm proporcionado legitimidade para a obrigação da
"Responsabilidade de proteger" ("Responsibility to protect, R2P) da
NATO, em grande medida tendo em vista desmantelar o movimento
anti-guerra.
A
estrada para Teerão passa por Damasco. Uma guerra ao Irão patrocinada
pelos EUA-NATO envolveria, como primeiro passo, a desestabilização da
Síria como uma nação-estado. O planeamento militar relativo à Síria é
uma parte integral da agenda de guerra ao Irão.
Uma
guerra contra a Síria poderia evoluir na direcção de uma campanha
militar EUA-NATO contra o Irão, na qual a Turquia e Israel estariam
envolvidas directamente.
É crucial difundir esta notícia e romper os canais de desinformação dos media.
Um
entendimento crítico e não enviesado do que está a acontecer na Síria é
de importância crucial na reversão da maré de escalada militar rumo a
uma guerra regional mais vasta.
Nosso objectivo em última análise é desmantelar o arsenal militar EUA-NATO-israelense e restaurar a Paz Mundial.
É
essencial que o povo no Reino Unido, na França e nos Estados Unidos
impeça o próximo posicionamento naval de ADM no Mediterrâneo Oriental.
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